Dia de Reis

sábado, 6 de janeiro de 2007


Depois da azáfama dos presentes de Natal, da caminhada desenfreada e decrescente para o Ano Novo, chega, sereno e mansinho o dia de Reis. Chega mansinho e já quase despercebido, como há 2000 anos no tempo em que três homens, vêm ao encontro do Rei dos reis, do Deus feito Homem.

Esta é uma festa de origem cristã que na nossa cultura está a perder importância, mas que nos nossos vizinhos espanhóis, continua a ter uma importância preponderante e é o expoente máximo das festividades natalícias espanholas. Tem uma coisa boa nesta tradição espanhola: não há uma desvirtuação do verdadeiro sentido do Natal, os presentes não ofuscam a verdadeira razão da celebração.

Mas desde o dia 25 de Dezembro até ao dia 6 de Janeiro, há uma tradição que é genuinamente portuguesa, o cantar das Janeiras…

É maravilhoso ver os inúmeros grupos de pessoas que saem à rua, com frio, gelo e em alguns sítios até mesmo neve, para cumprir a tradição. Para ir de casa em casa, de porta em porta, de família em família, apenas para cantar e louvar os reis que visitaram o Deus-Menino.

É importante manter estas tradições que são tipicamente portuguesas, onde se cultiva o convívio e a alegria.

Mas é com grande tristeza que vejo esta tradição menosprezada pelos mais novos, em prol de outras.

Uma muito parecida é aquela importada da América em que os miúdos vão de casa em casa vestidos e pintados de maneira a assustar toda a gente, para pedir rebuçados e dinheiro. Nessa noite, nenhum tem medo, vergonha ou frio para irem de casa em casa até altas horas da noite, no entanto, nesta altura é uma vergonha muito grande ir cantar os reis.

Quem é que acha bonito um grupo de garotos, mascarados, pintados e mal vestidos a andarem pela rua, numa figura dantesca que faz mesmo lembrar que as bruxas estão por toda a parte? E pelo contrário não acha bonito, um grupo de crianças, jovens e adultos com uma guitarra e demais instrumentos, num convívio ameno, a passearem-se pelas ruas de porta em porta, saudando as pessoas e convivendo com elas?

Que ninguém me venha dizer que a pseudo-beleza das modernices importadas da América é mais bela do que as nossas tradições milenares...

Mas infelizmente, o que vejo é que, tal como as nossas aldeias estão condenadas a desaparecer, também estas lindas tradições parecem estar a desaparecer e ficar apenas nos papeis e na memória dos mais velhos...

É também por esta altura que os presépios, os arranjos, a iluminação de Natal, desaparecem, deixando assim a cidade mais triste, mais normal, menos nobre… Em cada ano a iluminação muda, tal como muda a cidade, da mesma forma que mudam os seus habitantes, no entanto, a essência (a beleza) permanece tornando-se assim uma imagem de marca das ruas natalícias. Tudo contribui para que o tão aclamado espírito de Natal permaneça, e inebrie as pessoas.

E assim, depois de comidas as rabanadas do Natal, bebido o champanhe acompanhado das doze passas do Ano Novo, cantados os reis aquecendo a garganta com um “portinho”, dão-se por terminadas as festividades natalícias.



PS: Este é o artigo que escrevi para o Jornal onde sou colaborador, achei que seria importante postá-lo aqui, uma vez que foi atraavés do blog que fui descoberto para colaborar e acho que não devia privar-vos disso...

O único problema é mesmo de os artigos serm maiores do que os posts que geralmente escrevo, espero que me perdoem e que os leiam até ao fim, assim terei um eco daquilo que as pessoas acham dos meus artigos...

12 Disseram...:

Kalinka disse...

Gostei muito do artigo que escreveu para nós no blog e para o Jornal onde é colaborador.

É sempre importante postá-lo aqui!
Pois, que bela notícia, também eu gostaria muito de ser descoberta através do meu singelo blog, para colaborar em algo da minha região, ou não.

Não se preocupe, pois quem o visita porque gosta de o ler, não se preocupa com o tamanho do post.

Por mim, li-o até ao fim.
Beijos e abraços.

Anónimo disse...

Está bem,... para começar já te estás a tornar um grande comunicador. Nato comunicador!!!

Elsa Sequeira disse...

Olá Amiguito!!!

Está muito bem o artigo/post!!

parabéns!!


beijinhos!
:))

Anónimo disse...

Aquilo que mais me agrada, com o dia de Reis é a mensagem que eles nos transmitem... A persistência na busca de um sonho... E depois de O terem visto... foram por outro caminho, afinal quem se encontra com Ele, não pode ou melhor não pode ficar na mesma...

Gostei do teu post, embora tenha feito um esforço...estou a brincar.

Uma braçada amiga

Maria Carvalho disse...

O eco está aqui!! Sou eu! Gostei de te ler. Como sempre, aliás. A tradição vai-se perdendo, sim, é verdade. É pena. Beijinhos para ti.

Alien David Sousa disse...

OLha Catarino, parece que se aplica aqui aquela frase: a tradição já não é o que era.
Um grande beijinho

Diabólica disse...

Querido Catarino,

Antes de mais, os meus mais sinceros PARABÉNS por estares a colaborar com um jornal. Acho que o mereces, escreves muitíssimo bem e com a subtileza e dedicação que encantam qualquer visitante teu. Eu falo por mim.

Relactivamente ao teu post, não poderia estar mais de acordo.
De facto, no nosso país tudo o que é "bom" é o que vem de fora!
Isto acontece com a música, com alguns vinhos e por aí fora....

Sabes, que quando agora fui à terra dos meus país, fiquei triste por essa ser uma tradição que também por lá se perdeu...
Fiquei ainda mais triste, quando soube que uma procissão que é hábito sair na noite de natal, não saiu porque simplesmente o SR. Padre se recusou a acompanhá-la! Imaginas isto???!!! Olha eu não.
Eu sou uma pessoa católica, e que ainda me sinto sensibilizada, e muitas vezes emocionadas com estas comemorações e por isso mesmo fiquei de "rastos".
Também era hábito na véspera de natal, as pessoas fazerem uma fogueira e se reunirem à volta dela, a confraternizar antes de irem celebrar com as suas famílias.
Também este ano, isto não aconteceu.
A azáfama que se via era a pressa de comprar as prendas, o que em alguns casos, como se sabe, não passa de um mero proforme....

Quanto ao hallowen, a que te referiste ,também , não acho particular graça. Mas, enquanto era lá no país deles ainda vá. Agora, quando isso é importado para o nosso país, em detrimento das nossas tradições, eu fico possessa.

É pena que, especialmente, a nossa geração esteja a deixar morrer os nossos custumes.

P.S. Tenho um novo post, que conta uma história real entre um casal de jovens. Como te considero uma pessoa snsível, e ponderada gostaria que por lá passasses para dares a tua opinião.

Beijinhos, amigo.

Catarino disse...

Kalinka, agradeço as tuas palavras, mas peço-te que me deixes de tratar por voçê, é que eu ainda sou um "puto"...lool

Vitor, Obrigado pelas tuas palavras... Também te agradeço a ti o ter-me tornado assim esse nato comunicador que tu referiste...

Elsa, um grande beijinho para ti..

Pinguim, eu sei que não é facil e o próximo que também já está escrito ainda é um pouco maior..lool Abraço...


Paula, aquele beijo para ti...
è mesmo pena as tradições irem-se perdendo...

Alien, sim é verdade, essa expressão tem aqui todo o significado...

Amiga Diabólica, oportuna como sempre...Tens razão em que eu não quero acreditar que essa do Padre possa ser verdade...É de estranhar porque a maior parte das vezes os pe, são a favor das tradições....
Também fico triste contigo..
Quanto à fogueira lá para as minhas bandas, ainda se faz em muitas aldeias e continua a ser um grande ponto de convívio...
Beijo grande...

Anónimo disse...

Eu li ele todo, e com muito gosto :D mais uma vez parabéns ! :)
Eu acho mt querido os espanhois receberem prendinhas no dia de reis:D:D sabias que os meninos q portam mal recebem uma "pedra" enorme de açucar ? :P:P:P
pessoas como tu, reavivam tradições ^^
;*

Catarino disse...

Obrigado márcia!!!
Não conhecia essa cena dos espanhois...
è muito altamente..
Beijo

disse...

Muito bem...
(.")

Catarino disse...

Bgdo né

;)