O Silêncio

sábado, 10 de março de 2007


Será possível, nos nossos dias, haver silêncio verdadeiro?
Será que nesta sociedade barulhenta existe a possibilidade de se estar em silêncio?
Certamente pensamos que sim. Pensamos que basta entrar no nosso quarto, fechar portas e janelas, desligar tudo aquilo que esteja ligado à electricidade e pronto, temos silêncio!
Desenganem-se! Não é desse silêncio que falo! Não é unicamente o silêncio exterior, também, mas não só! Falo especial e principalmente do silêncio interior, que por sua vez e como consequência trará um silêncio exterior.
Trago hoje o tema do silêncio por considerá-lo um tema pertinente e de grande necessidade neste nosso dia-a-dia azafamado e barulhento.
Não o silêncio pelo silêncio, mas sim a reflexão a que obrigatoriamente o silêncio nos remete e leva.
É esta interiorização, esta intraprocura, este intradescobrimento, que acontece quando há uma ausência de barulho interior.
O verdadeiro autoconhecimento apenas acontece numa reflexão profunda e silenciosa do nosso ser, do nosso coração.
Daí eu pensar que seja precisamente essa a causa de haver tão pouco silêncio na nossa sociedade! É sem duvida o medo do “conhece-te e ti mesmo”.
Nós, não nos queremos conhecer a nós próprios porque temos medo daquilo que possamos encontrar. A nossa pessoa assusta-nos, dá-nos medo.
Isto justifica o recurso frequente a tudo que na nossa sociedade oferece barulho, nomeadamente bares e discotecas onde o ritmo, os baixos poderosíssimos levam o ritmo directamente ao nosso coração acelerando-o, pondo-o a bater a esse mesmo ritmo evitando assim que ele “pare” e se perscrute e se conheça.
É mais fácil deixarmo-nos levar pelo barulho, pela “batida”, do que pelo silêncio!
O silêncio exige, incomoda, às vezes chega mesmo a ferir e a doer. Mas depois de experimentarmos o verdadeiro silêncio, ficamos mais ricos, mais felizes, mais animados e sobretudo, ficamos a conhecer-nos melhor.
Daí que seja necessário pararmos, sair do barulho, entrar no nosso silêncio, e assim, retemperar forças. Vale a pena quer seja uma semana, um dia ou mesmo apenas uma hora, parar, fazer silêncio para depois arrancar com mais força.


Fernando Catarino

in Jornal Terra Quente

19 Disseram...:

Padre Vítor Magalhães disse...

COMO É IMPORTANTE ESSE SILÊNCIO!!!

Anónimo disse...

Não podia deixar de comentar um tema que me é tão querido...
isto porque só o silêncio nos permite entrar dentro de nós próprios, conhecendo-nos sem as limitações impostas por aquilo e aqueles que nos rodeiam! No entanto, o silêncio que muitas vezes procuramos é, como dizes, uma ausência de barulho físico...

Concordo inteiramente contigo quando dizes que uma das causas da ausência de silêncio é o medo que reina do conhecimento de nós próprios... Temos medo de nos conhecer e chegar à conclusão que não somos aquilo que deveríamos ser... É por isso que procuramos o barulho, para silenciar o nosso silêncio e o nosso conhecimento...

Urge encontrar o silêncio da alma, o silêncio do coração, que nos coloca diante das nossas opções fundamentais e fundantes, onde encontramos a força e a coragem para transformar quer o nosso interior, por um lado, quer o ambiente que nos rodeia, por outro.

Urge dar o grito do silêncio, e escutar os seus sons tantas vezes silenciados...

Urge dar o grito de Deus que se faz ouvir no mais íntimo do nosso coração e no silêncio da nossa alma

Urge silenciar... Urge...

Obrigado pela tua partilha
Um Abraço fraterno

Maria Carvalho disse...

Tens razão. Beijos.

Anónimo disse...

Amigo, é com suma emoção que volto a ler o teu texto.
No fundo, a mais nobre função da palavra consiste em dar vez (e voz) ao silêncio.
Frui do silêncio e partilha connosco o que dele emerge.
Paz e abraço
Padre João António

Kalinka disse...

Apetece-me sentar-me no parapeito da janela e olhar o céu em silêncio, contemplar as estrelas, sentir-me envolvida pela luz da lua.
Apetece-me embrulhar-me num cobertor e chorar até que as forças me faltem, deitar toda a dor, mágoa, tristeza, desilusão, arrependimento, amargura, medo, tristeza…

Palavras para quê…???
Estou de férias…vou tentar «estar» bem.
Beijokas.
Bom fim de semana.

Marlene Maravilha disse...

Obrigada pela tua visita!Fiquei muito feliz e vou esperar-te mais vezes para nos conhecermos melhor!
Lindo texto! Como seria bom se todos se dessem ao direito deste silencio?? Certeza que os emocionais estariam muito melhores!
Beijos brasileiros para ti.
Mirandela?? Que legal! Conheço algumas pessoas daí. Conheço bem Portugal, mas não fui aí. Somente passei.

Escorpiana Explosiva disse...

Ótimo texto mais existe varios tipos de silêncio.

Tem silêncios que muitas vezes vale + que qualquer palavra.

Isso depente de como a gente ve, o silêncio faz bem ao coração e a alma,assim como faz bem aos que sabem receber como respostas.

bjo

Diabba disse...

Ahhh como eu gosto do som do silêncio!! coisa tão dificil de conseguir nos dias que correm...
Experimenta na "zona verde" às 3 da manhã, no verão, sem ser altura da festa! hehehehehe

Com que então de Mirandela... prova!!

beijos d'enxofre

DairHilail disse...

Vim para te ler...gostei das tuas palavras, sentidas, verdadeiras...eu ando envolta na calma...e adormeço junto ao mar...
Fica bem!

Andreia disse...

às vezes o silencio é importante!

Obrigada pela tua visita!=)
Volta sempre!

o alquimista disse...

Olá amigo obrigado pela visita, muito me honra, deu-me oportunidade de vir ao seu fascinate espaço ao qual voltarei...


Abraço

Crystalzinho disse...

Passei metade da minha vida com medo do silêncio! Tinha pavor a estar sozinha, a fazer qualquer tipo de coisa sem ter a companhia de alguém.
Com o tempo, e após muitas desilusões, fui aprendendo a lidar com esse silêncio e a aproveitá-lo para me conhecer e gostar de estar na minha companhia.
E, isso tornou-me uma pessoa mais feliz e muito menos só.
Hoje, não tenho qualquer problema em ficar a fazer companhia a mim própria e até gosto desses momentos!
Bjs

Anónimo disse...

o silencio, está na nossa consciencia

Catarino disse...

De facto é Vitor, muito importante e sobretudo para nos encontrarmos com Deus...
Abraço...

Salcedas Duarte, como já te havia dito, o próximo tema era-te de certeza muito querido...Por isso, só te etnho a agradecer a tua partilha para comigo...
Abraço fraterno


Paula, um grande Beijinho....


Amigo PE. JOão António, assim o farei, ou melhor, continuarei a fazer...
Um abraço


Kalinka, espero sinceramente que as férias te façam "estar" bem...Beijo

Catarino disse...

Marlene Maravilha, Mirandela e Portugal esperam por ti...Um grande beijo de Portugal...


Escorpiana há silêncios que valem muito mais do que o mais belo dos discursos...Obrigado pela tua partilha...Beijo


Diabba, estou a ver que conheces bem mirandela, mas isso que estás a dizer já experimentai por mais de uma vez, aliás já não tem conta, é que eu no verão trabalhei no Flor de Sal e sempre saía de lá depois dessa hora...
Beijo


Andreia, realmente nem sempre nem nunca...Bem observado...
Beijo

Assim o espero alquimista...Um grande abraço e um até já...

Catarino disse...

Crystalzinho, fico feliz por ti, foi realmente importante ultarpassares esse medo, porque tal como disse, é no silêncio que nos conhecemos melhor...e o que tu dizes é a prova de que o que digo é verdadeiro...Um beijo, espero o teu regresso....


Principessa, da nossa consciência deve passar para a nossa vida...Beijo...

DairHilail disse...

Chego voando...parei para te ler...desejo-te uma boa semana...agora parto...no meu voo...
Fica bem!

Fallen Angel disse...

Muito bem Catarino.. o ruido é mau conselheiro, é elemento disturbador. O silêncio, mesmo quando nos é imposto, deve ser considerado como uma benção.. aproveitemo-lo.

Gostei. Um abraço.

Anónimo disse...

Bom Amigo:
uma vez mais apreciei sobremaneira as tuas intervenções nas aulas de hoje.
Pode parecer que saímos da Cristologia, mas tenho a certeza de que não saímos de Cristo.
Ele está em tudo e tudo está n'Ele!
Abraço enorme
Teu
Padre João António