A história de uma vocação

quinta-feira, 3 de maio de 2007


Era uma vez um jovem, muito novo, que todos os Domingos de manhã ia à missa com a sua avó. Não percebia muito bem o que ali se passava, mas acompanhava-a e sentia-se bem.
Este jovem sempre achou intrigante a figura daquele homem vestido de maneira diferente e que conduzia a celebração.
- Quem é? – Perguntou um dia o jovem.
- É o Senhor Padre! – Respondeu a avó.
- E o que é ser Padre?
- Ser padre é gostar muito de Deus, ser muito Seu amigo e rezar. – Respondeu na sua simplicidade a avó.
- Então eu quero ser Padre, porque também gosto de Deus, sou Seu amigo e até lhe rezo todas as noites. Tu sabes disso, aliás, rezamos juntos a Ele.
A partir desse momento, o jovem, à pergunta frequente “o que queres fazer quando fores grande?”; respondia pronta e convictamente: “Quero ser Padre!”
Mas as pessoas sempre lhe diziam:
- Sabes lá o que isso é! Não queiras ser padre, há profissões mais bonitas, deixa mas é essa ideia.
O facto é que o rapazito, após ouvir tantas vezes a mesma resposta, acabou mesmo por pôr de parte essa ideia. Foi com grande tristeza que a avó viu isso.
A partir desse momento, quando lhe perguntavam o que queria ser, o jovem respondia:
- Advogado!
- Isso sim, Fernando, é uma profissão; agora padre, onde é que já se viu…
Com o passar do tempo o jovem foi mesmo esquecendo essa ideia que tivera na infância, esse primeiro sonho.
Até que, algo de inesperado acontece.
Uma freira, após ter observado o jovem dirigir-se muitas vezes para a capela, decide segui-lo e observá-lo. Passado algum tempo, essa freira dirige-se ao jovem, agora com onze anos e interpela-o:
- Ouve lá, Fernando, já pensaste em ir para o Seminário?
- Quem eu?! Já pensei nisso há muito tempo, mas depois acabei por esquecer essa ideia. Agora, não me parece que queira isso, apesar de continuar a gostar muito de Deus e de ser grande amigo dele, não. Não quero ir. Depois também, agora já estou no liceu, tenho aqui os meus amigos, gosto de brincar com eles, de jogar à bola, de ver televisão e de estar com a minha mãe. Quero lá ir pró Seminário. Aliás, nem sei muito bem o que isso é.
- É que tu gostas tanto de Jesus, és mesmo amigo dele até falas com ele na capela…
- Pois… Isso é verdade, mas ir para o Seminário é que não!
O que é verdade é que essa ideia manteve-se no coração do jovem e a certa altura e muito por insistência de uma força interior que o movia, lá decide fazer uma experiência de seminário (mais para se desenganar e ver que realmente não queria nada com aquilo). É então que entra para o pré-seminário. A verdade é que esta experiência ainda aumentou mais a vontade de entrar realmente para o seminário. É por isso que ao fim do ano lectivo, decide mesmo deixar tudo o que tinha lá na sua terra (que na altura lhe parecia tanto) e aventurar-se neste novo desafio. E ei-lo no Seminário!
- Vou até lá, depois logo se vê! – dizia.
O que é um facto é que já conto com nove anos de seminário, com muitas alegrias, mas também algumas dificuldades e dúvidas que ao longo do tempo se vão dissipando e aclarando.
Quero com esta pequena história, a minha história, mostrar que não é preciso ser-se um fora de série ou um herói para se aceitar o desafio de Cristo. O chamamento acontece das formas mais simples, é preciso estar atento e aceitá-lo. É preciso sobretudo amar Cristo.
Basta aceitar o apelo dos intermediários que Deus põe nos nossos caminhos. Os meus foram a minha avó e uma irmã consagrada, ao início, e muitas outras pessoas que ao longo dos tempos me têm ajudado e se têm cruzado comigo. Mas a vós pode ser outra qualquer pessoa ou situação.
O essencial é não ter medo de dizer SIM a Cristo e experimentar o Seminário.
Não perdes nada em tentar, pelo contrário, só ganhas.
Vem, eu e os outros seminaristas estamos à tua espera de braços abertos para te acolher e abraçar na nossa comunidade. Para te tornares o nosso irmão mais novo…
Por Fernando Catarino
in Jornal Terra Quente

10 Disseram...:

Diabólica disse...

Logo que li a história, como é lógico de imediato a percebi.

A única coisa que te posso dizer, como aliás já te disse é que deves fazer aquilo que te faça feliz.

Se queres seguir essa vocação, força, muita força.

Quanto ao amar a Deus, podes faz~e-lo sempre, independentemente de estar ou não no seminário.

P.S-
Foi-me lançado um desafio pelo tuga, o qual aceitei.

Foi-me proposto que escolhe-se outras 7 pessoas, para responderem ao "questionário".
Tu foste um dos escohidos!
Vai à minha casa e diz de tua justiça.

Beijinhos.

Belzebu disse...

Fico feliz que tenhas tido a oportunidade de seguir a tua vocação!

Saudações cá das profundezas!

nes:) disse...

Essa história tb é minha! Partilho a contigo agr... Nca antes o fiz! Talvez com umas diferenças no que toca à experiência! N tive oportunidade de a ter na realidade numa casa própria...com a vida própria! Hj segura do que sinto por Ele e no que me move, sei que o sentido da minha vida é para os outros sim, mas no seio de uma família! O apelo hj é diferente mas no fundo igual! ;) Irei contar a minha história aos meus rebentozitus e se algum se sentir chamado, de certo que n farei c ele o que fizeram cmg, dizer NÃO!
Tu és um espectáculo...deixas o meu coração a saltar e a sorrir! Eheh...tao fofinho!
* * * nes:)

Catarino disse...

Obrigado Diabólica, pelo teu comentário, é óbvio que perceberias logo que a história é minha...
Por tudo...
Beijito....

Obrigado Belzebu....
Espero que tu também estejas na tua vocação...
Abraço

Inês, mesmo assim és feliz, e tudo o que fazes pões o dedo D'Ele, por isso tens a tua vocação escolhida...
Não te esqueças que Deus tem os seus planos traçados, nós só temos de os seguir, ainda que muitas vezes não os compreendamos....
Beijito goto te...;)

Beijinho....

Paula Raposo disse...

E eu não tinha lido este teu texto!! Que grande falha! Gostei de te ler e quero que saibas (sabes) que te compreendo, embora, também o sabes, não pensando como tu. Muitos beijos.

Anónimo disse...

Devo confessar que qd começamos a ser colegas de turma e durante um tempo, apesar de estares no seminário, e como mts colegas n acreditámos que irias prosseguir nesse caminho de ser um dia sacerdote...
Depois aos poucos realmente fui-me apercebendo que essa vocação era bem real...
Espero (se é isso realmente que queres) que nunca fraquejes nesse teu caminho e que possas ser mt feliz...
Bjs desta colega que te tem mt estima

hamlet disse...

Catas. Eu recordo-me do teu fervor e espanto inicial.Entraste para o seminário,se a memória não me falha, no ano em que me ordenei. Recordas-te? Lembro-me de ter rezado pela tua vocação. "Que o Senhor confirme o bem que em ti começou".Um abraço.

Il Consiglieri disse...

bem...
tive para te comentar à tempos este teu pequeno artigo.
Pequeno mas profundo.
ja pensaste em escreveres a "História de uma alma"?
lol
fica a sugestao...
ABC

A Flor disse...

A garantia da nossa alma na Eternidade junto com Deus, é só atravês de Jesus Cristo. :D

Eu digo, já disse e que o Senhor me ajude, a dizer SEMPRE, SIM A JESUS CRISTO, MEU ÚNICO SENHOR E SALVADOR PESSOAL. :D

Que a Luz de Cristo se faça sentir em ti, meu querido amigo Catarino.

Flor

Ivani Medina disse...

Quando iniciei minha pesquisa diletante acerca da origem do cristianismo, eu já tinha uma ideia formada que pode parecer esdrúxula: nada de Bíblia, teologia e história das religiões. Todos os que haviam explorado esse caminho haviam chegado à conclusão alguma. Contidos num cercadinho intelectual, no máximo, sabiam que o que se pensava saber não era verdade. É isso o que a nossa cultura espera de nós, pois não tolera indiscrições. Como o mundo não havia parado para que o Novo Testamento fosse escrito, o que esse mesmo mundo poderia me contar a respeito dessa curiosidade histórica? Afinal, o que acontecia nos quatro primeiros séculos no mundo greco-romano, entre gregos, romanos e judeus? Ao comentar o livro “Jesus existiu ou não?”, de Bart D. Ehrman, exponho algumas das conclusões as quais cheguei e as quais o meio acadêmico de forma protecionista insiste ignorar.

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